São Paulo 450 Anos
Poética da Urbanidade - Estudos interculturais
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Materiais para as discussões do Colóquio Internacional de Estudos
Interculturais (2004)
EDIMBURGO-SÃO PAULO NO PROGRAMA DE ESTUDOS INTERCULTURAIS "POÉTICA DA URBANIDADE" PELOS 450 ANOS DE SÃO PAULO
CONTEXTUALIDADES NO ESPAÇO URBANO
Edinburgo, 28 e 29 de junho de 2003
Súmula
A Grã-Bretanha representa, hoje, um campo de experimentações arquitetônicas e um foco gerador de impulsos que devem ser necessariamente considerados em todas as reflexões de cunho urbanológico e científico-cultural da atualidade.
Tais reflexões, em muitos casos, partem de correntes que foram consideradas de extrema ousadia há alguns anos, em particular daquelas da arquitetura "arthropódica", de tanto significado no contexto geral da Pop Art.
Esse movimento, de cunho utopista e meta-futurístico, influenciou
a discussão e a própria arquitetura em vários países. Ele levou
aos trabalhos do grupo Archigram e ao desenvolvimento de projetos
de cunho experimental e refinamento técnico, o assim chamado "estilo
High-Tech". Dois grandes vultos da arquitetura britânica da atualidade,
Richard Rogers e Norman Foster, devem ser considerados sob o ponto
de vista desse desenvolvimento anterior. Assim, Roger realizou,
juntamente com Renzo Piano, o projeto Archigram "Plug-in City"
no Centre Pompidou, em Paris (1971-77).
Foster procurou, entre outros, a superação de uma certa brutalidade
do funcionalismo dos anos 70, redescobrindo películas de vidro
que deixam transparecer a estrutura construtiva. Tornou-se, assim,
na sua tendência à abstração e à estrutura, quase que um representante
de uma nova Modernidade. Entretanto, sob o ponto de vista das
considerações urbanológicas, uma especial atenção deve ser dada
sobretudo a uma outra corrente, ou seja, àquela vinculada ao nome
de James Stirling.
As concepções de Stirling são caracterizadas por um profundo respeito
ao desenvolvimento histórico das cidades e pela integração sensível
de novas propostas no contexto histórico. Alguns críticos partem
do pressuposto que as suas obras refletem um redescobrimento do
construtivismo russo. Em todo caso, o seu interesse por questões
de História e do seu relacionamento com o projeto facilitou-lhe
a participação em vários concursos europeus destinados à construção
de museus. Às vezes, esse arquiteto tendeu a projetos ambiciosos,
de cunho monumental e com referências históricas, quase que no
sentido de um Pós-Modernismo. Tornou-se, para muitos, um dos restauradores
de uma estética da monumentalidade no espaço urbano, uma tendência
mal vista desde a Segunda Guerra Mundial.
Para Stirling, a paisagem degradada de muitas aglomerações urbanas
pode dar impulsos à criação de projetos de grande expressividade.
A sua linguagem afastou-se de modelos expressionistas e tendeu
cada vez mais a uma espécie de arte de colagens. Nessas colagens
de elementos históricos descobre e implanta sentidos de cunho
simbólico. O contexto urbano histórico não é usado, porém, como
cenário ou pano de fundo, mas sim como campo de pesquisas. São
os elementos históricos que são integrados no processo do seu
projetar. Uma de suas táticas é a de recuperar o espaço urbano
destruído através de uma forma complementarmente derivada, o que
tem passado a ser conhecido sob a designação de Contextualismo.
Há, na verdade, no âmbito da arquitetura britânica, tendências
de cunho nitidamente historicista, tal como projetos de Quinlan
Terry. Também Leon Krier, vindo do Luxemburgo, um criador que
teve a sua linha estética elogiada pelo Príncipe Charles, redescobriu
o século XIX nas suas obras e desafia imposições da economia de
mercado em seus projetos.
O debate a respeito do historicismo encontra-se, portanto, de
novo em aberto.
Antonio Alexandre Bispo