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Nomes da história intercultural em contextos euro-brasileiros
Hans Staden (ca. 1525-ca. 1576)
Nasceu em Homberg, região de Hessen, ao redor de 1525, e faleceu em Wolfhagen, ao redor de 1576. Cresceu pelo que tudo indica em família profundamente piedosa e em ambiente marcado pelas idéias da Reformação. Partiu de Bremen a Portugal, passando pelos Países Baixos, chegando no dia 29 de abril de 1547 em Setúbal. De Lisboa, partiu para o Brasil, lá ficando até o dia 8 de outubro de 1548. A sua segunda viagem durou de 1549 a 1555. Nesta, foi aprisionado pelos Tupinambás, passando 9 meses cativo. Resgatado por um capitão da Normandia, voltou à Europa, atingindo o porto de Honfleur. Ao retornar, o seu texto foi prefaciado por Johann Eichmann, Dryander,professor de Anatomia em Marburg. A obra de Staden foi uma das primeiras publicações alemãs sobre o Brasil e tornou-se importante obra de referência, marcando a imagem do Brasil. A primeira edição da obra foi lançada em 1557, logo se seguindo reedições.
A pesquisa de Staden, o reconhecimento de seu significado e o cultivo de sua memória estão muito mais desenvolvidos do que os relativos a outros vultos da história intercultural em contextos euro-brasileiros.
[Excertos de trabalhos]
Hans Staden
Primeiras fontes históricas da música indígena (1981)
Forum BRASIL-EUROPA de Leichlingen (1981/2) Série preparatória da Semana Alemanha-Brasil sob o patrocínio da Embaixada do Brasil Org. A.A.Bispo
Datas de trabalhos dedicados a Hans Staden no âmbito da A.B.E. 1975. À procura de vestígios de Staden em Hessen. Viagem de estudos 1981/2. Preparatória da Semana Brasil-Alemanha. Forum Brasil-Europa. Leichlingen. Sob o patrocínio da Embaixada do Brasil 1987/8. Aula no âmbito de Simpósio Etnomusicológico realizado em Roma por A.A.Bispo 1992. II° Congresso Brasileiro de Musicologia, Rio de Janeiro. Preparatórias do programa de pesquisas de culturas indígenas 1996. Viagem de estudos culturais em Hessen. A.B.E. 1997. 440 anos da primeira edição. Música no Encontro de Culturas. Universidade de Colonia 1998. Colóquio Internacional de Antropologia Simbólica. Joanópolis e Ubatuba. Sessão destinada à Maraca 2002. Colóquio Internacional Universo "Sonoro Indígena e Europa". Colonia 2002. Sessões de Guarujá e Bertioga. Congresso de Estudos Euro-Brasileiro.Sob o patrocínio do Departamento de Cultura do Município de Bertioga e da Câmara Municipal do Guarujá 2004. Colóquio pelos 450 anos de São Paulo. Maraca e Salmodia. Páteo do Colégio, São Paulo 2006. Viagem de estudos culturais em Hessen da A.B.E. 2007. Salmodia sob o aspecto da história intercultural. Música na hermenêutica bíblica. Universidade de Colonia e A.B.E. Indicações bibliográficas: Hans Staden. Wahrhaftige Historia und beschreibung eyner Landtschafft der wilden nacketen grimmigen Menschfresser-Leuthen in der Newenwelt America gelegen. Edição facsímile da primeira, Marpurg uff Fastnacht 1557, com um texto acompanhante de Richard N. Wegner. Frankfurt a.M. 1927. Bispo, A. A. "Indianer und ihre Musik im Zeitalter der Reformation: Maraca versus Psalme". Die Musikkulturen der Indianer Brasiliens: Stand und Aufgaben der Forschung IV. Zur Geschichte der Forschung. Musices Aptatio 2000/2001. Roma/Siegburg, 2001, 48-54 Bispo, A. A. "Eurozentrische Erfahrung der Alteralität in der Anamnese reformatorischer Mentalitätsgeschichte. Gedenken an Hans Staden". Musik, Projekte und Perspektiven. Colonia: A.B.E./I.S.M.P.S., 2003, 283-288 Antonio Alexandre Bispo
Datas de trabalhos dedicados a Hans Staden no âmbito da A.B.E. 1975. À procura de vestígios de Staden em Hessen. Viagem de estudos
1981/2. Preparatória da Semana Brasil-Alemanha. Forum Brasil-Europa. Leichlingen. Sob o patrocínio da Embaixada do Brasil
1987/8. Aula no âmbito de Simpósio Etnomusicológico realizado em Roma por A.A.Bispo
1992. II° Congresso Brasileiro de Musicologia, Rio de Janeiro. Preparatórias do programa de pesquisas de culturas indígenas
1996. Viagem de estudos culturais em Hessen. A.B.E.
1997. 440 anos da primeira edição. Música no Encontro de Culturas. Universidade de Colonia
1998. Colóquio Internacional de Antropologia Simbólica. Joanópolis e Ubatuba. Sessão destinada à Maraca 2002. Colóquio Internacional Universo "Sonoro Indígena e Europa". Colonia
2002. Sessões de Guarujá e Bertioga. Congresso de Estudos Euro-Brasileiro.Sob o patrocínio do Departamento de Cultura do Município de Bertioga e da Câmara Municipal do Guarujá
2004. Colóquio pelos 450 anos de São Paulo. Maraca e Salmodia. Páteo do Colégio, São Paulo
2006. Viagem de estudos culturais em Hessen da A.B.E.
2007. Salmodia sob o aspecto da história intercultural. Música na hermenêutica bíblica. Universidade de Colonia e A.B.E. Indicações bibliográficas:
Hans Staden. Wahrhaftige Historia und beschreibung eyner Landtschafft der wilden nacketen grimmigen Menschfresser-Leuthen in der Newenwelt America gelegen. Edição facsímile da primeira, Marpurg uff Fastnacht 1557, com um texto acompanhante de Richard N. Wegner. Frankfurt a.M. 1927.
Bispo, A. A. "Indianer und ihre Musik im Zeitalter der Reformation: Maraca versus Psalme". Die Musikkulturen der Indianer Brasiliens: Stand und Aufgaben der Forschung IV. Zur Geschichte der Forschung. Musices Aptatio 2000/2001. Roma/Siegburg, 2001, 48-54
Bispo, A. A. "Eurozentrische Erfahrung der Alteralität in der Anamnese reformatorischer Mentalitätsgeschichte. Gedenken an Hans Staden". Musik, Projekte und Perspektiven. Colonia: A.B.E./I.S.M.P.S., 2003, 283-288
A primeira obra publicada de um alemão que teve experiência de vida entre os indígenas do Brasil foi a de Hans Staden de Hessen (* Homberg ca. 1525, Wolfhagen ca. 1576), editada em Marburg, em 1557, no mesmo ano em que saiu à luz também a obra de Nikolaus Federmann de Ulm, referente a uma das expedições da casa comercial dos Welser à Venezuela. As várias edições do livro de Staden e as suas traduções em várias línguas testemunham a sua grande difusão e a sua importância para o estudo dos conceitos relativos aos indígenas. Como o título de sua obra indica, o intuito de Hans Staden foi oferecer uma "Verdadeira História e Descrição". Foi considerado, por isso, como o "primeiro autor alemão com descrições etnológicas claras de um povo-natural". Apesar de ser uma "Verdadeira História e Descrição", o livro de Staden não pode ser estudado sem a consideração do seu conteúdo religioso. O próprio autor o abre com a citação do trecho do Salmo 107(106), 23, um salmo cujo conteúdo diz respeito à redenção de navegantes que foram salvos dos perigos de uma viagem pelo mar. Assim como as partes anteriores do salmo, que se referem a outros exemplos de superação de uma fase difícil da vida, o dos peregrinos no deserto, o dos prisioneiros que se libertaram e o dos doentes que se curaram, o texto citado por Staden representa um hino de agradecimento de fiéis que foram salvos. A própria obra de Staden tem por assim dizer caráter salmódico, pois é estruturada similarmente a um salmo: descrição do perigo, pedido de auxílio a Deus com a conseqüente salvação e necessidade de agradecimento. Assim como o salmo, que não tem o caráter de exortação ao agradecimento, mas representa, ele próprio, um ato de gratidão, também a obra de Staden não tem caráter etnológico propriamente dito e/ou missionário; ela é por si um canto de louvor e serve à elevação espiritual dos seus leitores. O seu sentido último deve ser visto no próprio fecho do salmo respectivo e que é um louvor ao poder de Deus em determinar o destino da natureza e do homem. A descrição do perigo e o pedido de auxílio a Deus do trabalho de Hans Staden diz respeito ao período de sua prisão entre os índios Tupinambás, quando estava sendo preparado para ser morto e devorado. Na sua primeira viagem, Staden viajara da Holanda a Portugal (Setúbal), onde chegara em abril de 1547; logo depois partira de Lisboa para o Brasil, onde permanecera até outubro de 1548. Foi durante a sua segunda viagem, entre 1549 e1555, que foi então aprisionado pelos Tupinambás, aliados dos franceses e inimigos dos portugueses. Entre os Tupinambás passou nove meses, sendo resgatado por um capitão da Normandia, que o trouxe para a França.
Staden tornou-se, assim, vítima de um conflito intertribal que havia sido intensificado pelo comércio com nações européias rivais entre si, inclusive por motivos religiosos. Os principais povos indígenas envolvidos nesse conflito eram o dos Tupiniquins, nome que é interpretado como "primos ou parentes do Tupi", e o dos Tupinambás (interpretado como "descendentes dos Tupis") e que habitavam a região situada entre o Rio Doce e Itanhaem. Por estar a serviço dos portugueses, os Tupinambás não acreditaram que Staden não era luso e que até mesmo pertencia a uma nação que mantinha contactos com os franceses.
Staden, portanto, não faz a sua descrição e não fornece dados de interesse etnomusicológico como observador externo, mas sim como objeto ou vítima das práticas cerimoniais e rituais indígenas. É, assim, o primeiro "observador participante", ou melhor, um "participante que observa", no sentido mais crasso do termo, da história da etnologia indígena. Na realidade, porém, essa sua experiência de vida serve como exemplo para uma concepção religiosa de suma importância para o pensamento teológico da Reforma: a justificação do pecador através da fé. Com a sua "Verdadeira História e Descrição", Staden exemplifica como a justificação não decorre da ação moral, da obra, no caso de suas tentativas de persuação dos indígenas, mas sim na aceitação do julgamento de Deus, na esperança da misericórdia e da redenção.
A música, no seu vínculo com a religião desempenha nessa obra um papel de extraordinária relevância. Os instrumentos musicais e a prática musical e de dança dos indígenas são utilizados para caracterizar o estado espiritual do nativo, sendo colocados, indiretamente, em oposição àquele do salmista. É até mesmo a um instrumento musical que é dada a culpa da desesperadora situação em que caiu Hans Staden. Como o autor salienta, a sua captura fizera-se por "ordem" recebida de uma maraca, a que o autor denomina de Tamerka ou Tammaraka. Compreensivelmente, Staden dedica particular atenção a esse instrumento e a seu significado religioso. Ele viu na maraca o fundamento do sistema religioso dos indígenas. É no capítulo dedicado especificamente à sua crença que descreveu o instrumento, o seu uso pelos homens, o poder que possuia e que era renovado anualmente pelos pagés:
"Eles creem em um objeto que cresce como uma cabaça e é tão grande como uma medida e meia (copo de bebida). É vazio por dentro e atravessam-no com um pauzinho; abrem um buraquinho nele, como uma boca, e introduzem por ele pedrinhas, de modo que produz ruído ao ser sacudido. Tocam esse instrumento enquanto cantam e dançam e chamam-no Tammaraka. (...) Os homens tem cada um o seu próprio instrumento. Assim, entre eles há vários que são denominados de paygi e que são tão respeitados como os nossos adivinhos. Eles peregrinam uma vez por ano pelo país, vão a todas as cabanas (...), de modo que todos tocam a Tammaraka, que lhes fala e lhes dá o poder de realizar tudo o que pedirem. Todos querem que o poder entre nos seus instrumentos e fazem uma grande festa com bebidas, canto e advinhações, com estranhas cerimônias. Depois, os adivinhos determinam que uma das cabanas deve ser esvaziada, na qual não devem entrar mulheres ou crianças. Cada um deve pintar a sua Tammaraka de vermelho, einfeitá-la de penas e ali entrar, para que possa transmitir-lhes o poder de falar-lhes." (Ed. facsímile, op.cit. "Woran sie gleuben. Cap. XXIII") Ao contrário do que afirmam alguns estudiosos mais recentes, a maraca foi, já nesta obra de Staden, não apenas citada de passagem, mas sim representada em gravuras e descrita de forma contextualizada. Assim, um dos mais impressionantes capítulos do relato de Staden diz respeito à dança que, logo após ser capturado, teve de executar com as mulheres indígenas à frente das cabanas onde eram guardadas as maracas. As mulheres prepararam-no para a dança, retirando-lhe as sobrancelhas, enfeitando-o com penas à cabeça e amarrando-lhe fieiras de guisos nas pernas. Ladeado por duas mulheres e colocado no centro de um círculo formado pelas demais, teve de dançar ao som do coro das mulheres, marcando o rítmo com o ruído dos guisos causado pelo bater dos pés. Staden foi, portanto, obrigado a dançar ao modo indígena, apesar de ferido, antes que trouxessem os instrumentos para fora das cabanas e os colocassem a seu redor. Não tanto as características organológicas do instrumento interessaram a Staden, mas sim a sua função e o seu significado. O intento de Staden foi o de esclarecer aos índios que a maraca não tinha poder algum e que não podia transmitir mensagens; uma prova disso é que tinha errado dizendo que ele era português. Essa menção na obra de Staden faz sentido no contexto espiritual do texto, uma vez que procurou demonstrar aos índios que a sua crença era vã. Quando os índios pediram a Staden que cantasse, este entoou um hino religioso, dizendo que cantava de seu Deus.
(...)
O texto aqui publicado é apenas um das várias centenas de artigos colocados à disposição pela Organização Brasil-Europa na Internet. O sentido desses textos apenas pode ser entendido sob o pano de fundo do escopo da entidade. Pedimos ao leitor, assim, que se oriente segundo a estrutura da organização, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral: https://brasil-europa.eu Dessa página, o leitor poderá alcançar os demais ítens vinculados. Para os trabalhos recentes e em andamento, recomenda-se que se oriente segundo o índice da revista da organização: https://revista.brasil-europa.eu Salientamos que a Organização Brasil-Europa é exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. É a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro, supra-universitária e originada de iniciativa brasileira. Foi registrada em 1968, sendo continuamente atualizada. Não deve ser confundida com outras instituições, publicações, iniciativas de fundações ou outras páginas da Internet que passaram a utilizar-se de denominações similares. Prezado leitor: apoie-nos neste trabalho que é realizado sem interesse financeiro por brasileiros e amigos do Brasil! Torne-se um dos muitos milhares que nos últimos anos visitaram frequentemente as nossas páginas. Entre em contato conosco e participe de nossos trabalhos: contato
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